O que são IPOs e como funcionam as ofertas de ações

o que são IPOs

Nos últimos anos, cada vez mais pessoas passaram a ouvir sobre empresas que “abriram capital na bolsa” e começaram a negociar ações.

Anúncios

Esse movimento chama-se IPO, sigla em inglês para Initial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial. Mas o que são IPOs de fato?

Muito além de um simples processo de “vender ações ao público”, um IPO representa uma virada estratégica para empresas e investidores, capaz de transformar negócios locais em players globais e gerar oportunidades de alto impacto no mercado financeiro.

Vale destacar que o fenômeno não é restrito a gigantes multinacionais. Startups e empresas familiares também podem buscar a abertura de capital como um passo natural de crescimento.

Assim, entender a dinâmica de um IPO ajuda tanto o pequeno investidor quanto o gestor de grandes fundos a tomar decisões mais seguras.

Neste artigo, vamos explicar em profundidade como funciona um IPO, seus benefícios, riscos e efeitos tanto para as companhias quanto para os investidores.

O conteúdo foi estruturado para ser escaneável, mas também aprofundado, trazendo insights que vão além da superfície.

Anúncios


Sumário

  1. O que são IPOs: conceito e propósito
  2. Como funciona o processo de abertura de capital
    • Roadshow e precificação
    • Bookbuilding e definição da demanda
    • Estreia na bolsa e primeiras negociações
  3. Vantagens e desvantagens de um IPO
  4. Exemplos práticos e casos de sucesso
  5. Por que algumas empresas desistem de abrir capital
  6. Tabela: comparação entre IPOs de empresas brasileiras e internacionais
  7. Conclusão: IPOs como porta de entrada para investidores e empresas
  8. Dúvidas frequentes

O que são IPOs: conceito e propósito

Quando falamos em o que são IPOs, é importante entender que não se trata apenas de captar dinheiro.

Um IPO é a primeira vez que uma empresa oferece suas ações ao público em geral, transformando investidores comuns em sócios da companhia.

O objetivo principal é levantar recursos para financiar crescimento, reduzir dívidas ou investir em inovação.

No entanto, o IPO também aumenta a visibilidade da marca e eleva a governança corporativa, já que a companhia passa a ser fiscalizada por órgãos reguladores e pelo próprio mercado.

Outro ponto pouco comentado é o efeito psicológico que o IPO causa dentro da própria empresa.

Funcionários passam a sentir maior orgulho em trabalhar para uma companhia listada em bolsa, o que pode elevar o engajamento e atrair novos talentos.

Esse capital humano se soma ao financeiro, criando um ciclo virtuoso de crescimento.

Um estudo da PwC de 2024 mostra que empresas listadas em bolsa crescem, em média, 30% mais rápido nos cinco anos seguintes ao IPO do que companhias de capital fechado, justamente pela maior capacidade de captar recursos e atrair talentos.

+ Como identificar quando sua carreira está estagnada (e como reagir)


Como funciona o processo de abertura de capital

Abrir capital não acontece da noite para o dia. Trata-se de um processo longo, que pode levar meses e exige estratégias financeiras, jurídicas e de marketing.

Roadshow e precificação

O primeiro passo é o chamado roadshow, quando executivos da empresa e bancos de investimento apresentam a companhia para potenciais investidores institucionais.

É nesse momento que os gestores “vendem a história” da empresa: modelo de negócios, crescimento esperado, riscos e projeções.

A precificação é um ponto delicado. Se o preço inicial das ações for muito alto, pode gerar baixa demanda e uma estreia frustrada.

Se for baixo demais, a empresa pode deixar dinheiro na mesa. Um caso emblemático foi o IPO do Facebook, em 2012, quando a valorização inicial foi menor do que o esperado, gerando críticas sobre a avaliação.

Além disso, especialistas apontam que o roadshow é quase tão importante quanto a saúde financeira da companhia.

Investidores avaliam não apenas números, mas também a confiança transmitida pela gestão. Uma comunicação transparente e estratégica pode influenciar diretamente na demanda pelas ações.

+ Passo a passo para começar a investir com corretoras digitais gratuitas

Bookbuilding e definição da demanda

O mecanismo chamado bookbuilding reúne as intenções de compra dos investidores e ajuda a definir o preço final das ações. Esse processo garante que o valor seja ajustado à realidade da demanda de mercado.

Por exemplo, no IPO da Raízen, em 2021, o bookbuilding mostrou uma procura quase três vezes maior do que a oferta inicial, o que permitiu à empresa captar cerca de R$ 6,9 bilhões.

Esse mecanismo também serve como uma forma de “termômetro” para o mercado. Se a demanda for baixa, o IPO pode ser adiado ou reprecificado.

Isso mostra como o bookbuilding protege tanto a empresa quanto os investidores de decisões precipitadas.

+ Reserva de lucros: como funciona, tipos e importância

Estreia na bolsa e primeiras negociações

No dia do IPO, as ações começam a ser negociadas na bolsa. Esse momento pode ser marcado por euforia ou cautela, dependendo do apetite dos investidores.

Em alguns casos, a ação dispara logo na estreia, como aconteceu com a XP Inc. em 2019, que valorizou mais de 20% no primeiro dia de negociação na Nasdaq.

Por outro lado, estreias negativas também existem. O IPO da Uber, em 2019, teve queda de 7,6% no primeiro pregão, mostrando que nem sempre a empolgação inicial se traduz em valorização.

Esse tipo de comportamento reforça a importância de avaliar fundamentos e não apenas o hype do momento.


Vantagens e desvantagens de um IPO

Abrir capital traz benefícios, mas também exige sacrifícios.

Vantagens:

  • Captação de grandes volumes de recursos.
  • Aumento da liquidez e valorização da marca.
  • Atração de talentos, já que ações podem ser usadas como incentivo a funcionários.

Desvantagens:

  • Custos elevados com auditorias, consultorias e taxas regulatórias.
  • Exposição pública, exigindo maior transparência e governança.
  • Risco de volatilidade, já que ações podem cair mesmo que a empresa vá bem.

Um dado da B3 mostra que os custos para realizar um IPO no Brasil podem variar entre R$ 5 milhões e R$ 15 milhões, dependendo do porte da companhia.

Outro ponto negativo é a perda de autonomia. Empresas listadas precisam prestar contas a milhares de acionistas e atender às expectativas do mercado trimestralmente.

Essa pressão pode reduzir a liberdade estratégica dos gestores, que passam a pensar em resultados de curto prazo.


Exemplos práticos e casos de sucesso

Vários IPOs ficaram marcados na história. No Brasil, o da Petrobras, em 2000, foi um dos maiores já realizados no país.

Já o da XP Inc., em 2019, consolidou a força das fintechs brasileiras no cenário internacional.

No exterior, o IPO da Alibaba, em 2014, levantou US$ 25 bilhões, sendo considerado até hoje o maior da história.

Esse movimento não apenas fortaleceu a empresa no e-commerce, mas também abriu portas para sua expansão global.

É interessante observar que IPOs bem-sucedidos costumam ser acompanhados de um planejamento sólido de longo prazo.

A valorização das ações após a estreia não é fruto apenas do mercado, mas também de uma narrativa convincente e resultados consistentes.

+ Hedge cambial: o que é, como funciona e quais os tipos?


Por que algumas empresas desistem de abrir capital

Apesar de todos os benefícios, muitas empresas optam por desistir de um IPO. Isso pode ocorrer por instabilidade econômica, falta de demanda ou estratégias internas.

Em 2022, várias companhias brasileiras adiaram seus IPOs devido à alta da taxa Selic e à aversão ao risco por parte dos investidores.

O ambiente de incerteza fez com que abrir capital não fosse atraente naquele momento.

Além disso, há empresas que simplesmente percebem que podem captar recursos por meio de alternativas mais baratas, como emissão de debêntures ou rodadas privadas de investimento.

Isso mostra que o IPO, apesar de poderoso, não é a única ferramenta disponível.


Tabela: comparação entre IPOs de empresas brasileiras e internacionais

EmpresaAno do IPOValor CaptadoLocal da OfertaObservações
Raízen (Brasil)2021R$ 6,9 biB3Forte demanda, foco em energia
XP Inc. (BR)2019US$ 2,25 biNasdaq (EUA)Expansão internacional
Petrobras (BR)2000R$ 7,3 biB3Um dos maiores do país
Alibaba (China)2014US$ 25 biNYSE (EUA)Maior IPO da história
Facebook (EUA)2012US$ 16 biNasdaq (EUA)Estreia marcada por volatilidade

Conclusão: IPOs como porta de entrada para investidores e empresas

Entender o que são IPOs é essencial para quem deseja investir ou acompanhar o mercado financeiro de forma estratégica.

Mais do que uma oferta de ações, o IPO representa a abertura de novos caminhos: para empresas, uma oportunidade de captar recursos e ganhar visibilidade; para investidores, a chance de participar do crescimento de companhias inovadoras.

Contudo, é importante lembrar que nem todo IPO é garantia de sucesso. Avaliar fundamentos, analisar riscos e compreender o momento do mercado são passos cruciais antes de investir.

Afinal, no mundo financeiro, informação é poder.

Para empresas, a lição é clara: abrir capital pode ser transformador, mas só funciona quando há planejamento, transparência e clareza na comunicação com o mercado.

Para investidores, é a chance de acompanhar histórias de crescimento desde o início.


Dúvidas frequentes

1. Qualquer investidor pode participar de um IPO?
Sim. Tanto investidores institucionais quanto pessoas físicas podem comprar ações em um IPO, geralmente por meio de corretoras credenciadas.

2. Posso vender as ações no mesmo dia da estreia?
Sim, mas muitos especialistas recomendam analisar o comportamento inicial antes de vender, já que os preços podem oscilar bastante.

3. Todas as empresas que abrem capital se tornam lucrativas para os investidores?
Não. Há casos de valorização expressiva, mas também de queda acentuada logo após o IPO. Por isso, a análise do negócio é essencial.

4. Quanto tempo leva para uma empresa abrir capital?
O processo pode levar de seis meses a mais de um ano, dependendo da complexidade do negócio e das condições de mercado.

5. O IPO é sempre a melhor opção para captar recursos?
Não. Muitas empresas optam por rodadas privadas de investimento, empréstimos ou emissão de títulos, que podem ser mais vantajosos dependendo do cenário econômico.


Trends